Manipulações
(2016), xilogravura sobre papel, 250x200cm.
A imagem de carros incendiados é presença constante em manifestações desde a ditadura civil- militar brasileira.
O carro como elemento marcante do imaginário de progresso e desenvolvimento econômico parece incitar a insubordinação através da máquina moderna sendo destruída pelas chamas.
Ao mesmo tempo a imagem também pode ser utilizada como forma de construção de um imaginário, como por exemplo, o - Atentado ao Riocentro - promovido por militares com o objetivo de acusar a esquerda por atos terroristas e que teve no carro destroçado o grande exemplo de seu fracasso. Ou ainda na fotografia construída pelos militares do corpo de Carlos Mariguella dentro do carro perfurado por balas.
Dessa forma, o fusca Volkswagen em chamas se associa ao imaginário recente que atravessa a memória social brasileira. A fotografia que compõe o trabalho foi apropriada de noticiários da internet sobre as manifestações de junho de 2013, transformada em reticula e gravada manualmente sobre chapa de compensado em grande formato e finalmente impressa em papel.
A gravura apresenta certa precariedade e busca discutir as formas de manipulação da fotografia que se transforma em xilogravura num processo de perda e transformação da representação visual.