Retrato Oficial
(2017), Impressão uv sobre 1.780 pregos de aço inox (cada) afixados na parede do espaço expositivo, 35x 45x 7 cm (cada).
O trabalho apresenta os retratos dos ditadores que governaram o Brasil entre (1964-1985) a partir do detalhe das bocas fechadas impressas sobre pregos de aço cravados na parede do espaço expositivo. Cada prego contém um pequeno fragmento que através do conjunto possibilita a percepção do retrato. O contraste entre as bocas e os pregos busca criar relações entre a suposta oficialidade do regime que indica relações com o silêncio e o silenciar do estado de exceção e o prego forjado em aço como elemento utilizado na construção civil, que incita relações com a violência.
Nenhum ditador ao longo da ditadura civil-militar brasileira posou para a foto oficial do governo com uniforme militar, dos cinco presidentes quatro vestiram terno de gala e o último, Figueiredo, terno e gravata, traje recorrente até a atualidade. O objetivo era promover o imaginário do militar como político e o retirar da farda militar evitar as conotações repressivas.
A fotografia do retrato oficial é resultado de construções de visibilidade, jogos de poder, manipulações, maquinações, intrigas e formas de se criar uma imagem, de forjar a suposta legalidade de um governo, ou seja, indica as bases da construção ideológica do governo de exceção. As ligações entre militares e civis ao longo do regime militar se estabeleceu como aliança que administrou e construiu as bases do Brasil contemporâneo, muitas das quais se perpetuam até a atualidade.